
Nossos melhores jogadores estão espalhados pelo mundo, atraídos por euros, dólares e fama. O mais preocupante é que os que ainda representam o Brasil em competições internacionais parecem somente querer “bater uma bolinha” e voltar rapidamente ao conforto do Velho Mundo.
Os anos de instabilidade da economia brasileira forjaram executivos resilientes, atentos, criativos e adaptáveis às adversidades, um perfil cada vez mais valorizado no cenário global, marcado por mudanças intensas e pela internacionalização da força de trabalho.
No entanto, esse reconhecimento externo pode se transformar em um problema interno, caso não possamos reter talentos e fortalecer princípios éticos voltados ao crescimento coletivo nas organizações.
Aqui cabe um paralelo com o futebol, hoje é raro ver uma seleção brasileira composta apenas por jogadores atuando em clubes nacionais.
E no mundo corporativo? Enfrentamos risco semelhante com o êxodo de profissionais qualificados e a perda de engajamento com metas comuns, muitas vezes causada pela vaidade de quem busca apenas reconhecimento individual. Isso tende a comprometer valores éticos e prejudicar vínculos de longo prazo.
Para evitar esse cenário, as empresas precisam incentivar uma cultura baseada em ética e valorização do time, promovendo um ambiente harmônico e bloqueando a formação de uma mentalidade em que todos se consideram craques inquestionáveis, num jogo onde vale tudo.
Acredito que, somente assim, poderemos manter nosso espírito de equipe e praticar o que tão bem definiu o escritor uruguaio Eduardo Galeano, no livro As Veias Abertas da América Latina: “Há valores que estão além de qualquer cotação. Não há quem os compre, porque não estão à venda. Estão fora do mercado e, por isso, sobrevivem.”
Denis Mello
Diretor Nexion Executive Education